terça-feira, 14 de outubro de 2008

Mais um vitória para Canudos


Ele ordenou que seus homens atacassem após longo dia de marcha penosa, sem descanso. Obrigou-os a avançar até dentro do arraial, onde, além de impossibilitar o apoio da artilharia (que atingiria seus próprios homens se utilizada), travou-se luta corpo a corpo contra os homens do conselheiro, que levavam extrema vantagem por conhecerem os labirintos e as ruelas onde a batalha se travou. Moreira César ordenou um ataque de cavalaria em planície aberta, o que complicou ainda mais sua situação, porque a mesma se tornara um alvo fácil para os homens do Conselheiro, que se encontravam entrincheirados num reduto cheio de barreiras.Num gesto de agonia, Moreira César, talvez por perceber que a derrota estava próxima, abandonou seu posto de comando, endireitou seu cavalo na direção de Canudos e avançou, proferindo: "Vou dar brio àquela gente!". Tendo sido atingido no ventre por uma bala, vergou-se, largando as rédeas de seu cavalo, não mais conseguindo ir muito adiante. Morreu naquela mesma noite, cercado por seus subordinados, e assim a terceira expedição foi um fracasso.

Começo da Terceira Expedição


Apenas um homem seria capaz de acabar com essa situação: o veterano, coronel Moreira César, com seus 47 anos de idade, paulista de Pindamonhangaba, que comandaria um contingente de 1300 homens, formando, assim, a Terceira Expedição contra Canudos.Durante sua marcha, o maior medo do coronel Moreira César era que os conselheiristas abandonassem a cidade, o que o privaria, naturalmente, da inevitável glória de derrotá-los em combate. O precipitado otimismo do coronel e de seus subordinados aumentava, a medida em que se aproximavam da cidade.Moreira César ainda contava com um adversário tão difícil de vencer quanto o Conselheiro: a Epilepsia, e, além disso, era dono de um temperamento instável e impulsivo. Acabou por sofrer de dois ataques epilépticos sérios durante sua campanha em Canudos.

Segunda Expedição


Uma Segunda Expedição foi comandada pelo major Febrônio de Brito, e foi cinco vezes mais poderosa do que a primeira, com seus 550 homens. Estrategicamente, utilizou o Monte Santo como base de operações e ponto de partida da ofensiva militar. A segunda expedição permaneceu por quinze dias na cidade, antes de marchar contra Canudos. Então, tudo aconteceu muito rápido: ao se aproximar de Canudos, bastaram apenas dois longos dias para que a expedição, igualmente mal articulada, fosse posta a correr, depois de ter sido surpreendida pelo inimigo numa emboscada nos morros próximos do arraial dos rebeldes. Apartir disso,a Guerra de Canudos já adquirira projeção nacional, pois a humilhação imposta ao exército e à República era muito grande.

As Quatro Expedições Militares

A Primeira Expedição aconteceu no governo de Prudente de Moraes, em Novembro de 1896. Corriam rumores de que, por causa do atraso de um carregamento de madeira encomendada para a construção de uma nova igreja no arraial, os conselheiristas preparavam uma invasão da cidade.Assustada com o boato, a população pressionou o juiz local a notificar o fato ao governador do Estado, Luís Vianna, que resolveu enviar a Canudos uma expedição punitiva, composta por 104 homens, sob o comando do tenente Pires Ferreira. Este acontecimento representou o primeiro dos sucessivos vexames que foi imposto aos militares.Quando os soldados encontravam-se em Uauá, já nas proximidades de Canudos, sentiram a aproximação de estranho cortejo, composto de uma fila de pessoas que rezavam. Armados com facões, paus, trabucos, pedras e foices enfim, tudo o que as circunstâncias permitiam no momento, o grupo de pessoas compunha um batalhão do Conselheiro, prontos para lutar e morrer por sua fanática causa. Os conselheiristas, após quatro horas de intensa batalha, embora com muito mais perdas, puseram o inimigo a correr. Assim, tinha o término o episódio que ficou conhecido na História como a Primeira Expedição.